A minha maior crítica aos discos do Eduardo Costa sempre foi relacionada à quantidade de regravações, principalmente nos projetos normais de carreira, ou seja, sem qualquer natureza de projeto especial. Sempre achei que não convinha tanto assim regravar canções antigas e eliminar no disco um espaço que poderia ser ocupado por canções inéditas. As canções inéditas do Eduardo Costa, aliás, sempre foram marcantes, mas foram aos poucos perdendo espaço em seus discos para canções que ele julgava merecerem um espaço maior do que tiveram quando gravadas pelos artistas originais.
O novo DVD, entretanto, faz enfim jus a essa preferência do Eduardo Costa pela releitura de músicas menos conhecidas mas que mereciam de fato um espaço maior. É um projeto voltado justamente para as regravações. Desta vez, portanto, o argumento de que ele regrava demais cai por terra, afinal foi pra isso que ele gravou esse DVD: para resgatar canções.
Ao contrário do que se pensou num primeiro momento, o disco não lembra em quase nada os dois discos “No buteco” que ele lançou anos atrás. Mesmo similares na quantidade de regravações, aqueles eram muito mais rústicos, com poucos instrumentos. O novo DVD, entretanto, é um projeto acústico mais completo, com tudo o que se tem direito na harmonia, pelo menos no que diz respeito a um projeto dessa natureza.
Do começo ao fim, o DVD é composto em grande parte por releituras de grandes músicas, não só sertanejas, como “Minha Metade”, do Só Pra Contrariar. Do repertório já gravado do Eduardo Costa, apenas algumas canções foram regravadas. O Fato é que as inéditas são minoria.
A proposta do disco parece ser remeter a uma atmosfera mais simples, com o cenário quase lembrando um cabaré. Ainda não é aquela ideia do DVD “na zona” que o Eduardo Costa projeta há anos junto com o Leonardo, mas o aspecto mais simples bem que poderia ser facilmente incorporado neste futuro projeto.
O palco pequeno, com uma decoração mais simples, ajudam a compor a ideia de um projeto menos grandioso do que o DVD que ele gravou há alguns anos no Credicard Hall. Este foi gravado na Brook’s, em São Paulo, creio eu que também com o intuito de entregar um projeto mais intimista, já que desta vez o espaço é bem mais reduzido.
Mas mesmo o disco sendo mais intimista, uma grande parte harmônica dele é composta de arranjos cheios de detalhes e de uma quantidade maior de instrumentos. A música que fecha o disco (“Fogão de lenha”), por exemplo, traz cordas na harmonia, incluídas na pré-produção. E muitas músicas trazem um complemento de segunda voz, gravada aparentemente pelo próprio Eduardo Costa também durante a pré-produção, principalmente nos rasqueados gravados no disco e nas canções mais tradicionais.
Aliás, a grande quantidade de rasqueados gravados é mais um dos pontos positivos do disco. Fora a regravação de “Ela fez a minha cabeça”, do Chitãozinho & Xororó, o disco ainda traz dois inéditos, de composição do próprio Eduardo Costa: “Vou pro buteco beber” e “O predador e a presa”, que ele próprio já disser ser a música preferida dele neste projeto.
Entre as participações, apenas colegas de escritório. Di Paullo & Paulino cantaram “Tô indo embora”, sucesso da dupla. E o Cristiano Araújo cantou uma versão mais moderninha da música “Sem céu e sem chão”.
Apesar dessa minha opinião sobre a quantidade de regravações que o Eduardo Costa traz em seus discos de carreira, é necessário reconhecer que ele sabe mesmo escolher as músicas que costuma regravar. Ele não regrava os chavões, os clichês. Ao contrário, ele quase sempre traz canções que realmente mereciam mais atenção do mercado sertanejo ou que mesmo tendo sido sucesso foram regravadas por pouquíssimos artistas.
Neste DVD, os destaques entre as regravações ficam por conta de “Fogão de Lenha”, “Ela fez a minha cabeça” (ambas do repertório da dupla Chitãozinho & Xororó), “Onde anda você” (Di Paullo & Paulino), “Minha Metade” (Só pra Contrariar) e “Não dá pra fazer amor sem ter você”, uma composição do Zezé que o Eduardo cavucou no repertório do Marcelo Aguiar, vejam só.
Este DVD não é uma super produção, mas é tremendamente honesto em sua simplicidade e identidade. Tem de fato tudo a ver com o Eduardo Costa e com o que ele representa para o mercado. Simples como o público que ele costuma atingir, mas com arranjos de ótimo gosto, como já é de praxe em seus discos. É acústico, mas não se limita apenas aos arranjos de violão e sanfona. A guitarra, incluindo o pedal steel, são parte bem evidente deste disco, também. E mesmo cantando sempre em tons altos, o Eduardo foi um pouco mais contido em suas interpretações do que de costume, o que também acho bastante positivo. Vale a audição, principalmente durante um churrasco, ou uma cervejada ou cachaçada com os amigos.
Fonte: Matéria Publicada Por Marcus Vinicius do Blognejo
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